quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Meu avô quando queria me sacanear, chamava-me "neto".
Quando eu tropeçava nos tamancos, ouvia sua vóz dizendo: "- Já vais, neto?", um segundo antes de estabacar-me nas pedras do chão, ralando com isso, joelhos, cotovelos e palmas das mãos. Eu ficava puto, precisava chorar, mas aquela vózinha no ar dizendo "já vais...", transformava qualquer queda em piada e daí já era: por mais dor que se sentisse tínha-se que rir e levantar pra cair denovo. Até hoje, quando tropeço na vida e levo meus inevitáveis tombos, a minha reação é a de ver mais o lado cômico desses tombos. Com isso, menos dor...
Quando eu tropeçava nos tamancos, ouvia sua vóz dizendo: "- Já vais, neto?", um segundo antes de estabacar-me nas pedras do chão, ralando com isso, joelhos, cotovelos e palmas das mãos. Eu ficava puto, precisava chorar, mas aquela vózinha no ar dizendo "já vais...", transformava qualquer queda em piada e daí já era: por mais dor que se sentisse tínha-se que rir e levantar pra cair denovo. Até hoje, quando tropeço na vida e levo meus inevitáveis tombos, a minha reação é a de ver mais o lado cômico desses tombos. Com isso, menos dor...
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
domingo, 18 de novembro de 2012
Mundão
...e o mundão segue seu rumo incerto, falhando e tossindo como um calhambeque prestes a fundir ou explodir.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
sábado, 10 de novembro de 2012
Augerisando
Universo infinito
Sistema de galáxias
Posições planetárias
Proporções geométricas
Mares e continentes
Meu quarto, pequeno coração filogínico apertado.
Sistema de galáxias
Posições planetárias
Proporções geométricas
Mares e continentes
Meu quarto, pequeno coração filogínico apertado.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
domingo, 2 de setembro de 2012
Vira latas Rei
Renegado pelo destino ideal
irmão obscuro de ratos azarentos
sigo sujo, desalmado.
Navegador do mundo em nau destroçada
peregrino de satisfações insondáveis,
indiferente a verdade do fim,
Rastejo à meia-vida, desafiador
Inquebrantável e imponente como quem vê.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
A Jornada de Lennos - Fragmentos
E o mundo, na mão de estadistas gananciosos, segue
sempre se arrastando com um verme cego, sem objetivos altruístas ou morais e por
conta disso, não conseguirá se livrar jamais de suas mazelas e desigualdades
sociais. (Lennos - in, A Jornada)
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Uivo
Estou engessado. Hoje o meu cérebro está funcionando como uma lata de sardinhas no réveillon, com baixa vontade, repercussão e nenhuma criatividade.
Hoje é um daqueles dias da Bruxa do conto de fadas, espreitando atrás de cada porta, pronta pra apavorar.
Hoje é um daqueles dias que as contas vincendas tiram as más notícias para dançar, e se regozijam num réquiem de medo e espessa neblina.
Hoje será um daqueles dias que pra passar, só indo pra casa ler um bom livro e ouvir blues.
Hoje é um daqueles dias da Bruxa do conto de fadas, espreitando atrás de cada porta, pronta pra apavorar.
Hoje é um daqueles dias que as contas vincendas tiram as más notícias para dançar, e se regozijam num réquiem de medo e espessa neblina.
Hoje será um daqueles dias que pra passar, só indo pra casa ler um bom livro e ouvir blues.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Tem gente que chega alegre, sorrindo, brincando
Mas por dentro está sofrendo
Tem gente que fala da grana, das ilhas, dos barcos
mas na verdade não está aguentando
A vida de verdade, o tapa da realidade é interior
viaja como sentimento
é de cada sensação, de momento em momento
E por conta disso, entre sorrisos e lágrimas
eu vou pulando de estrela em estrela, meio assim
visitando o meu próprio universo em fim.
Mas por dentro está sofrendo
Tem gente que fala da grana, das ilhas, dos barcos
mas na verdade não está aguentando
A vida de verdade, o tapa da realidade é interior
viaja como sentimento
é de cada sensação, de momento em momento
E por conta disso, entre sorrisos e lágrimas
eu vou pulando de estrela em estrela, meio assim
visitando o meu próprio universo em fim.
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
domingo, 5 de agosto de 2012
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Saravá! (Parte I)
As relações iam-se dando dentro de uma linha psicodélica, e o
flower Power comandava sentimentos e
atitudes por aqueles tempos. Dentro dessa, íamos atravessar o rumo em direção
ao mar, a imensidão, a prazerosa viagem ao território das baleias, cavalos
marinhos e golfinhos paz e amor, ao universo desconhecido de Poseidon. A viagem consistia em
hospedarmo-nos na casa de Dório, nosso amigo uns anos mais velho, que depois
acabou saindo de Porto alegre, em excursão com os Dzi Croquetes, rumo ao centro do país e ao mundo velho sem
porteiras. Nosso amigo tinha descolado uma quantidade razoável para três cabeças
em três dias, de cannabis da melhor.
Ao nos despedirmos na Rua da Praia, por volta das 22 horas, no centro de Porto
Alegre, ele nos instruiu da seguinte forma:
-Bom, vamos para casa e amanhã, às 7:00 horas nos encontramos
na rodoviária para pegarmos o ônibus das oito para Atlântida.
-Ok, está combinado, respondemos em uníssono, corações
exultantes por irmos para Atlântida, praia considerada bacana e certamente por
estar bastante suprida de mulheres bonitas e da arquitetura modernista, famosa que
era por ser reduto da elite, a qual poderíamos avacalhar um pouco com nossa
simples presença anti estabilishment burguês.
Não deu outra, resolvemos depois de alguns minutos da despedida,
que seria um desperdício dispensar aquela felicidade e excitação que nos
encontrávamos, indo simplesmente, para casa dormir, conforme o combinado com
nosso benfeitor. Resolvemos dar umas bandas e tomar algumas pela cidade. Mas, já que estávamos sem baseado, pois o Dório,
inadvertidamente, levou ao paranga que
tinha descolado para casa, resolvemos então apelar para a trivial visita a
farmácia mais limpeza do local, na Av.
Borges, e compramos uma caixa de ligantes
Abulemin moderador de apetite barato. Tomamos, num boteco na mesma rua, com um
litro de Coca, uns três ou quatro, cada
um de nós, pois os mesmos eram extremamente amargos e quando mastigados, para surtir um efeito mais imediato, tinham a inconveniência
de colar nos dentes, o que resolvíamos espalitando, esfregando a língua e
bebendo muita Coca, para disfarçar o
gosto amaríssimo da anfetamina. Isso resultaria numa bela ligação até o meio da
madrugada ou quiçá até o amanhecer, com o que, nós iríamos até em casa apenas
para pegar alguns pequenos itens, pô-los em nossas inseparáveis bolsas hippies, a tiracolo e tava tudo
resolvido e o mundo colorido.
Ledo engano: aquelas boletas davam uma ligação maior do que
as outras mais sofisticadas. Era anfetamina pura. Um comprimido apenas, já
deixava a pessoa extremamente ativa e sem o menor resquício de fome.
Ligados a mais não poder, dirigimo-nos à rodoviária, pois
resolvemos, instintivamente, viajar naquela hora mesmo. Sim, pois sob efeito
daquilo entrávamos numa catarse, tipo piloto automático, e num estado de amor
só, com uma certeza de que tudo era maravilhoso e que tudo, em qualquer âmbito
da vida e da loucura, tinha que dar certo, as idéias eclodiam, se punham e
sobrepunham.
Chegando a rodoviária fomos informados de que em 1974 não
haviam ônibus para a praia naquela hora, e que somente às seis da manhã as
linhas faziam aquele trajeto. Não vimos nenhum problema nisso, fomos até um
terminal de ônibus da Grande Porto Alegre, e pegamos o último ônibus que ia
para Gravataí, distante 55 quilômetros de onde estávamos, divisa com a cidade
de Glorinha, em direção ao litoral gaucho, por sua vez a uns 123 quilômetros da
praia de nosso rumo .
Descemos já bastante falantes, na última parada, a nosso ver,
bem próxima ao nosso éden. Dali, seguimos pela estrada, em frente, na intenção
de pegar carona à 1 hora da madrugada. Os otimistas.
Num certo ponto depois de andar e beber um litro de pinga que
compramos no bar próximo ao fim da linha, a viagem surfava, nem nos
preocupávamos mais em pedir carona aos raríssimos caminhões e carros que
trafegavam àquela hora por ali, muito pelo contrário, lembro de um Fusca azul, que parou oferecendo-se,
solidário, para nos dar carona, e nós num estado de alucinação, enlevados pela
sensação de extra-realidade, viramo-nos de costas para o mesmo, ficamos
parados, dando adeuses com as mãos e aguardando o mesmo seguir seu destino, quem
sabe, até para o lugar de nosso intento.
A certeza que outras descobertas substituíam a contento os
parâmetros materiais da vida, se impunham acima de qualquer termo realístico e,
além disso, a Lua nos compelia a andar, fulgurando companheira, enorme e onírica,
num daqueles momentos em que o ser exulta superconsciente e sente a alma brilhar.
Aquela Lua cheia, exageradamente grande sobre nossas cabeças,
devia estar seguindo a sua famosa trajetória elíptica ao redor da Terra em
pleno perigeu, que iluminava toda a paisagem e se assomava aos nossos sabores
de levar a vida caminhando e filosofando pela estrada, sem destino real muito
bem definido, nem querendo ser.
Michel, pela ducentésima vez, relatou-nos todos os momentos
mais emocionantes da Segunda Guerra, da prisão e fuga de seu pai na Rússia, do
poder do tanque Tiger alemão, do desembarque aliado em Omaha, Pearl Harbour,
etc., coisas que já sabíamos quase de cor graças a ele e a seu irmão, Jones, eu
falava insistentemente sobre minhas vocações religiosas krishna, budista, católica,
umbandista, agnóstica, espírita, etc e etc., e Crespo, sobre a vida dupla
proletária e burguesa que levava, por ter dois lares, o de sua avó e o de sua
tia que se alternavam na sua criação pelo fato de ter perdido sua mãe, quando
ainda criança. Tudo isso entre Mutantes, Jimi Hendrix, Traffic, Raul Seixas, Vinícius de Morais, Milton Nascimento, Novos Baianos, Led Zeppelin, Alice Cooper, Deep Purple, e todos os outros que cantarolávamos entre os papos. Era assunto e som para muitas e muitas horas de conversa ininterrupta
e eu, de tanto apertar as mãos com os dedos cruzados, de tanta constrição, até acabei
ficando com a pele entre dedos toda em carne viva.
Resumindo, como a Free
Way ainda não estava pronta, fomos pela estrada velha, a mais bonita, cheia
de curvas e árvores nas duas laterais, até Santo Antonio da Patrulha, uns 40
quilômetros distantes de Gravataí. Próximo a essa cidade, atravessamos pelo
campo aberto para as obras da auto-estrada, que naquele lugar já era uma faixa
de asfalto, quando apareceu uma Kombi, caindo aos pedaços, que aceitou uma
gorjeta para levar-nos até Osório, cidade recepcionista para os destinatário das
praias do norte gaúcho e lá, já amanhecendo, solicitamos uma passagem para Atlântida.
Bateu na trave, de novo. Só haviam passagens àquela hora para Capão da Canoa,
praia vizinha a uns dois quilômetros de distância do nosso destino. Não teve
problemas fomos até lá e em seguida caminhamos até Atlântida!
Chegamos lá por umas nove horas da manhã, nosso anfitrião,
desconfiando que não havíamos conseguido vencer a ansiedade, uma vez que ficou
esperando sozinho na rodoviária, viajou para Atlântida conforme o combinado e
nos recebeu semi desmaiados em sua casa a qual já tinha nos passado o endereço,
quando nos despedimos. Dormimos até a tarde, quebrados, na praia de Atlântida, quando
então começou a nossa festa, propriamente dita.
Ver continuação, livro Fé na Estrada, in Saravá, pag. 209.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Os políticos e o nosso futuro
De agora em diante, não vamos mais apenas votar e tá acabado.
Vamos fixar bem o canalhocrata em que votamos, grudar o nome dele como fazemos com os imãs na geladeira, e acompanhar todo o desenvolvimento do seu trabalho como representante dos nossos interesses. Vamos utilizar a Internet para parabenizá-los por suas vitórias, reclamar junto ao órgão em que estão lotados, denunciá-los por seus desmandos e descumprimentos de deveres e fazer manifestações públicas de tudo isso. Aliás vem em boa hora essa iniciativa de saber-se quem e quanto ganham esses nossos procuradores, pois assim fica mais do que claro que estão sendo remunerados para realizar o que se propuseram quando negociaram conosco o voto para sua eleição. Não adiantará jamais contarmos com um movimento espontâneo de auto crítica e conscientização por parte da classe política, nós mesmos temos que ser o fiel da balança e espalhar para todos saberem, o nome, partido e cargo do mal versador público. Isso já será um (re)começo.
Quem for bom que me siga!
Vamos fixar bem o canalhocrata em que votamos, grudar o nome dele como fazemos com os imãs na geladeira, e acompanhar todo o desenvolvimento do seu trabalho como representante dos nossos interesses. Vamos utilizar a Internet para parabenizá-los por suas vitórias, reclamar junto ao órgão em que estão lotados, denunciá-los por seus desmandos e descumprimentos de deveres e fazer manifestações públicas de tudo isso. Aliás vem em boa hora essa iniciativa de saber-se quem e quanto ganham esses nossos procuradores, pois assim fica mais do que claro que estão sendo remunerados para realizar o que se propuseram quando negociaram conosco o voto para sua eleição. Não adiantará jamais contarmos com um movimento espontâneo de auto crítica e conscientização por parte da classe política, nós mesmos temos que ser o fiel da balança e espalhar para todos saberem, o nome, partido e cargo do mal versador público. Isso já será um (re)começo.
Quem for bom que me siga!
sábado, 23 de junho de 2012
Relação
Eu sou o tipo de pessoa que somente acreditaria na Astrologia, quando associada à Psicologia. Não por seus cálculos de mapas astrais, trânsitos, progressões, etc., mas sim pela ligação total que penso haver entre tudo que existe.
domingo, 20 de maio de 2012
Rusgas
Passeei furtivamente por outro momento de intensa
prova emocional. Sim, besta, eu fugi de ti numa certa
manhã de sol, enquanto dormias fundo, na cama ao
lado da minha, na casa de meus avós e fui procurar
sarna para me coçar na rua em que nasci.
Isso havia ficado esquecido como uma felpa
adormecida em meu coração e, por muito tempo,
permaneceu no subconsciente, esse baú de coisas velhas,
que prefiro fazer de conta não existir, desde aquela
manhã de sol em que fui sozinho passar em frente à
casa de minha infância.
Vesti-me e tomei um rápido café, já com a ideia
engendrada em minha cabeça. Beijei minha avó
carinhosamente na testa e nas bochechas, como
habitualmente fazia enquanto eu ainda gozava de sua
companhia nesta vida, e saí. Disse a ela que estava indo
tirar umas fotos da praça central, a Tamandaré, que
ficava a poucas quadras da rua Dom Bosco, onde
estávamos, e que voltaria logo, certamente antes que
meu amigo acordasse. Dirigi-me para lá excitado e
sestroso e quando estava a mais ou menos uns trinta
metros do endereço que procurava, certo que iria ver
apenas a velha construção, quem eu vejo saindo pela
porta da frente da mesma?
Meu pai. Ele havia voltado para Rio Grande e estava
morando na velha casa de meus avós com a sua nova
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F é n a E s t r a d a
esposa, com a qual eu também não tinha nenhum
contato.
Senti um calor subir pelo meu corpo, o coração bater
mais forte, trocando imediatamente de posição, do peito
para a garganta, minha respiração acelerar e o chão
tornar-se mais leve ao contato com meus pés.
O que fazer agora?
Continuar andando em sua direção? Dar meia volta e
bater nos bolsos, simulando o esquecimento de alguma
coisa?
Cumprimentá-lo de passagem? Parar para
perguntar-lhe como andavam as coisas, já que não o
via há uns cinco anos? Minto, no entremeio desse
tempo, uma ocasião o vi de relance quando chegava e
ele saía da frente do edifício onde morávamos, numa
rara vez em que fora visitar meus irmãos pequenos,
Quem sabe eu até o abraçava? Todas essas dúvidas
galopavam em velocidade alucinada confundindo-se
em minha mente. Pois desconfio, agora, que meu
pensamento era de ver uma simples alvenaria, mas o
intento de meu coração era bem outro...
Diminuí instintivamente o passo. Era um daqueles
momentos cruciais em que o sim ou não apresentam-se
molestos em nossa vidas, como dar um beijo roubado,
comprar algo que queremos muito apesar de nossa
precariedade financeira, resolver ir ou não a uma certa
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festa onde estará a primeira pessoa por quem nos
apaixonamos e não nos dá bola. Coisas assim. É o que me
ocorre. É impossível deixar-se para trás, apagar-se, os
sentimentos de amor, principalmente paternos ou filiais,
de uma hora para outra, simplesmente porque perdeu-se
o vínculo entre as partes. Mas também seria praticamente
impossível, sem muita reflexão e compreensão, inclusive,
à partir de esclarecedor acompanhamento psicológico
profissional, simplesmente superar os momentos difíceis
que passei juntamente com meus irmãos e minha mãe
na época que meu pai claramente forçou a sua exclusão
da casa onde morava com o resto de minha família,
quando eu ainda estava hospitalizado.
Eu inconscientemente carregava uma árdua
sensação de responsabilidade pela separação de meus
pais, mesmo porque era da minha natureza emotiva
querer assumir as dificuldades das pessoas do mundo
com o qual eu me relacionava, assim como sofrer as
amarguras exteriores a mim, mas das quais eu tomava
conhecimento. De certa forma, eu via todo o ser
humano como indivíduo de uma única aldeia, da qual
eu fazia parte. O sentimento continua.
Aqueles foram uns desses segundos que passam em
câmera lenta, que demoram uma eternidade para
transcorrer. Mas aí ocorreu o inusitado: meu pai, que
devia estar num estado semelhante ao meu, pois
certamente sentia também algum peso por não nos
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F é n a E s t r a d a
falarmos desde que eu saíra de casa, assim que me viu,
ele também diminuiu o passo. Mas virou-se, dando as
costas para mim, pondo-se a observar, disfarçativamente,
umas caixas com frutas ou legumes, que estavam
expostos num armazém a uns poucos metros da porta
por onde saíra.
Acho que ele não segurou a onda daquele encontro.
Certamente não sabia o que fazer, e isso devia ser muito
penoso para ele.
Penso que segundo o seu modo de perceber as coisas
e seus conceitos de amor totalmente distorcidos,
limitados pelas duras penas que também lhe foram
incutidas na sua própria infância, ele sentia-se
dilacerado pela minha rebeldia e maneira de sair de casa,
deixando-o abandonado aos seus próprios problemas. Eu
era o bode expiatório contra todas as agruras passadas
por meu pai e contra as quais ele transitou calado e
passivamente. Quem sabe, assustou-o muito o fato de
descobrir que esteve em estado de choque o tempo todo,
por não reagir junto a seu próprio e tirano pai. Acredito,
também, que mesmo desengonçadamente ele me
amava, pois devia se enxergar no advento da minha
revolução contra a sua ditadura. Papos psicológicos.
Todo mundo tem os seus.
Eu não tive dúvidas, num primeiro impulso minha
vontade foi de sair correndo dali, pois já imaginava mil
sensações entre abraçá-lo ou ao menos trocar algumas
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palavras com ele. Mas isso se desvaneceu como a
fumaça de uma tragada ao vento. Minha atitude foi
atravessar de imediato, da calçada por onde vínhamos
para o outro lado da rua, somente voltando alguns
metros adiante, sem olhá-lo mais, sem mais conversa,
riscando-o definitivamente, naquele momento de minha
vida, de qualquer impulso de amizade ou qualquer
afeto.
Senti-me definitivamente abandonado e acredito que
aquela, após a dissidência, foi a primeira e única chance
que tivemos, por toda vida, de experimentar qualquer
reconciliação entre pai e filho. A sorte estava lançada.
Claro que fiquei bastante desolado com a consolidação
do afastamento que aquela separação me causou. Mas
ao mesmo tempo lavei minha alma de qualquer culpa,
pois ainda havia resquícios de alma e de culpa. Talvez
por eu ter agido erroneamente quando abandonei
minha casa, por não concordar praticamente em nada
com ele, negando-me, inclusive, a contribuir com o
pagamento da prestação de uma compra.
Passei algum tempo me vangloriando quando me
perguntavam por meu pai, de tê-lo deixado de cara no
chão, por ter mudado de lado de calçada apenas para
não falar com ele, por não perdoá-lo. Mas a verdade
era outra: eu sentia uma grande raiva por ele ter se
virado na hora em que nos encontraríamos frente a
frente, e que talvez tivesse havido até a possibilidade
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F é n a E s t r a d a
de ser abraçado, ao menos uma vez na vida, que eu me
lembre, por aquele ser tão difícil de se lidar. Depois,
decorridos alguns anos, eu passei a pensar que aqueles
elos de frieza que vinham de pai para filho desde os
tempos de meu avô, quem sabe pudessem ter sido
quebrados por mim, que começava a me dispor a fazê-lo.
Meu irmão caçula era o único que tinha contato com
ele e contou-me, pouco tempo após esses fatos que
acabei de narrar, que ele lhe falara haver tido um sonho
em que eu vinha e abraçava-o pelas costas em carinhos e
afagos. Isso pra mim representava a reconciliação enfim,
a sedimentação de todo o amor perdido que ambos
nutríamos um pelo outro. Porém, na hora que soube disso
eu demonstrei muito pouco interesse pelo assunto, mas
assim que fiquei sozinho em meu quarto, emocionado,
chorei de consolo e satisfação por sabê-lo de alguma
forma, finalmente, meu pai.
Essa história povoou por muito tempo meus
pensamentos, pois se havia alguma forma de acabar
com a distância entre meu pai e eu, o faria de bom gosto,
pois me cria o eleito da natureza, para desfazer esse nó
cego do destino. Quebrar esse feitiço.
Os anos se passavam e eu escrutinava meu coração
em busca de algum sinal de bom tempo para mudar
totalmente o curso da minha vida. Eu sabia que tinha
de enxugar as lágrimas do passado e tentar pousar
aquele avião de sentimentos, sem o apoio de nenhum
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trem de aterrissagem, num pouso forçado, de barriga
mesmo, para aliviar enfim o atrito entre a rebeldia e a
calma da paz duradoura tão necessária ao bem viver,
que eu sentia ser possível, mas não sabia como fazê-lo.
Essas ideias começaram a cristalizar-se em minha
mente. Sabe como é: paz e amor bixo, amor
transcendental, etc., tão em voga naqueles anos, talvez
estivessem me influenciando um pouco a perdoar.
Mas, com relação a meu pai, um dos traços mais
fortes do seu caráter era a teimosia. Além da teimosia
em não se harmonizar comigo, inesperadamente outra
face deste sentimento me atingiu. Os medicamentos
para a pressão arterial ministrados no hospital onde
meu pai se encontrava internado por conta de uma crise
foram achados jogados no lixo. Contra todas as minhas
expectativas veio encontrá-lo a morte, essa desmancha
prazeres, insuperável e irreversível estação derradeira
da vida.
Fiquei pasmado, pois sempre acreditamos que vamos
ter tempo de fazer isso ou aquilo, antes que a sinistra
ceifadora se intrometa em nosso caminho, mas aí
quando vemos: já era. Não consegui a tão esperada
trégua com meu pai.
Então é isso, mesmo assim, vai coração, mete tua
bronca, berra alto que mais acima do desafeto ainda
133
F é n a E s t r a d a
existe o amor, e com ele te aquecendo, permanecemos
na estrada indo sempre. Mais uma vez, à luta.
...e fim de papo, não me perguntes mais nada amigo
Jones, pois isso é tudo que eu consigo te contar agora,
meu Bruder.
Praia, vamos para a praia, besta. Ao encontro da
farra recompensadora, desses dois fortes elementos,
terra e água, e para complementar, aproveitemos para
meditar um pouco sobre as coisas da vida em frente a
algum fogo restaurador. Esqueçamos, enquanto for
possível, essas rusgas mal resolvidas do ministério das
famílias.
F é n a E s t r a d a
domingo, 22 de abril de 2012
Os caminhos de Lennos (continuação)
O tempo passa na mesma medida que vai devorando cada segundo de vida, como a onda de radiação no epicentro de uma explosão nuclear.
Onde irão os ratos do meu cérebro que se arrepia de susto, do nada abstrato?
Sete da noite em Brasília, e o meu mundo se enquadra e fecha no luminar da tela da TV no canto do quarto. Minha inspiração está com um certo gosto de poeira seca de deserto lunar, estou comprimido entre o vazio presente e as emoções que se afastam uma a uma, acinzentando-se num desolado não.
Nem por isso, deixarei de pensar menos meus pós pores-de-sol espirituais, pois a visão de mim mesmo em relação ao meu próprio destino, certamente me libertará, assim espero. Acabei tornando-me um mestre na arte de esperar pela grande overture que inundará de luz o caminho por onde andam meus guaranás. Sim, é isso, não consigo transcrever minhas ideias. Por isso eu grito essa queixa. Apenas isso.
Onde irão os ratos do meu cérebro que se arrepia de susto, do nada abstrato?
Sete da noite em Brasília, e o meu mundo se enquadra e fecha no luminar da tela da TV no canto do quarto. Minha inspiração está com um certo gosto de poeira seca de deserto lunar, estou comprimido entre o vazio presente e as emoções que se afastam uma a uma, acinzentando-se num desolado não.
Nem por isso, deixarei de pensar menos meus pós pores-de-sol espirituais, pois a visão de mim mesmo em relação ao meu próprio destino, certamente me libertará, assim espero. Acabei tornando-me um mestre na arte de esperar pela grande overture que inundará de luz o caminho por onde andam meus guaranás. Sim, é isso, não consigo transcrever minhas ideias. Por isso eu grito essa queixa. Apenas isso.
domingo, 25 de março de 2012
Tarde de domingo, mudança de Verão para Outono, ...só danço o samba, só danço o samba...vai, vai, vai,vai...é a vitrola ajudando. Sonho com um ritual de Santo Daime na estalagem de um velho casarão, bastante antigo, reboco descascado, pessoas conhecidas do dia-a-dia, vontade intensa de vomitar, desarranjo intestinal, um banheiro, please!, ... gosto de erva forte da mata na boca, péssimo, um prisma de sensações,... horror,... felicidade, então.
Assim se vão os sonhos, assim eles vêm, trazer conforto, para um pobre coração. Será que estou exagerando? Os momentos de exagero são prazerosos.
Como é alegre o Verão mudando para Outono!
sexta-feira, 16 de março de 2012
Seres sociais
Segundo
o que se sabe, cientificamente falando, somos resultado da mesma matriz
enquanto planeta e seres, mas devido à vastidão, é bem possível que a
inviabilidade de contato nos faça sozinhos no nosso universo acessível atual. Parece-me
óbvio, então, que criaremos meios de navegar pelas estrelas e os quatro cantos
do universo, da mesma forma tão simples como criamos a Internet.
quarta-feira, 14 de março de 2012
Nascimento
Quando
cheguei a casa, enquanto minha mãe, feliz, mostrava-me a suas amigas e vizinhas
entre sorrisos e lágrimas, talvez devido ao fato de eu ter sobrevivido, por
teimosia, quase asfixiado em meu próprio cordão umbilical, meu pai
comemorava-me, executando na sala, em seu sax inseparável, John Coltrane. Deve
ser por isso que eu cresci, e vivo até hoje, vagando pelo jazz e a boa música em
geral.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Romantismos
Nos tempos atuais, tão pulverizados de tecnologias individualistas, eu sinto, às vezes, uma certa nostalgia do romantismo das décadas de 1940 e 1950, onde tenho a impressão que vivi, preservado sob as células de meus pais.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Maconha
Os jovens e usuários deviam saber que a sensação
de descobertas e benefícios provocados pelas drogas, no caso especial da
maconha, usadas sem experiência de vida, são improfícuas, inúteis, e a
experiência de vida, entretanto, supera com louvores as tais “descobertas” provocadas
pelas drogas. Aí, é só correr pro abraço!
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Mestre Nelson
Meu pai detonava no sax e no clarinete. Era conhecido como Mestre Nelson e regia a banda da BM e as orquestras por onde passava. Lia e escrevia partituras perfeitamente. Gostava de escrever as músicas que inventava, para que seus colegas de banda se esbaldassem nos embalos de jazz que tanto adorava. Tenho guardados seus cadernos amarelados, de tantas canções. Ele tinha uma letra manuscrita muito elegante. Um detalhe: era semi-alfabetizado.
Dava-se bem com as notas, claves e pausas, e até dispunha-se a ensinar a alguns aprendizes, a linguagem escrita nas pautas, que ele mesmo apreendeu pelo amor à quarta arte, contra a vontade de seu pai, meu avô, -que achava a música coisa de vagabundos-, riscando com carvão nos lados internos dos muros de um terreno baldio na sua cidade, Rio Grande, e executando num clarinete velho, emprestado, aulas que um conhecido da banda da gloriosa Brigada Militar lhe ensinava. Foi uma luta e vitória sua. Formou-se músico.
Acho que é mais ou menos assim, não importa em que idioma, quando e por quem foi criada, pois a música tem seu próprio estado de manifestação e vai direto ao ponto. Música é música, e decerto, mais uma forma de sentimento que se capta pela audição como a chuva na calçada, o vento nas palmeiras, uma declaração de amor. Uma dessas linhas diretas de comunicações com o coração.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Sóis III
Tia Iolanda
E lá me ia eu, repetindo mais um objetivo inglório:
comprar um saco de balas, um litro de xarope de groselha e um pacote de
rapadurinhas de leite, que se desmanchavam na boca, conforme instruções de
Iolanda. Eu carregava parcos 12 ou 13 centavos nos bolsos de cinco ou seis anos
de idade, o que somente dava para voltar da distribuidora de bebidas doces e
confeitos, a umas três ou quatro quadras da casa, com uma mísera barrinha de
puxa-puxa, no máximo.
O pior era o constrangimento e a indignação com o
balconista do estabelecimento, por este dar risadas e me fazer concluir
incrédulo, que fora enganado mais uma vez por minha Landinha.
Báh! Eu voltava corado e puto da cara, meio
choroso, mais uma vez, pois sempre caia na sua conversa de sereia ilusionista.
Iolanda era uma tia, irmã de meu pai e morava na
casa da frente, com meus avós. Eu e minhas duas irmãs a amávamos acima de
qualquer coisa. Ela nos ensinava a dizer palavrões, a arte de tocar acordeon,
do que era professora, e especialmente, me fazia pulular ridiculamente ao ritmo
das mazurcas que tocava, inventando concursos de dança, entre nós e vizinhos
próximos, tudo para se divertir. A vida era um circo de espetáculos absurdos
que ela inventava, pois estava sempre disposta a aprontar alguma bizarrice
hilariante e nós éramos parte da sua troupe.
Ela era linda e devia ter sido miss Rio Grande, não fosse o atraso do
modo de pensar açougueiro de meu avô, e dos preconceitos gerais da cidade
interiorana em que vivíamos, que a intimidaram a concorrer pela cidade, pois
Iolanda era reconhecidamente muito linda. Era dotada de uma beleza clássica à
la Ingrid Bergmann.
Enfim, são enternecedoras as recordações dessa tia-irmã, que eu tenho
como pedra fundamental de minha vida e que eu tinha certeza, fosse estar
eternamente entre nós, o que findou não se realizando. Aquela que sempre amarei
e que naqueles idos, idolatrava como uma verdadeira deusa terrena.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Sóis – Parte II
Pode parecer bastante nostálgico, mas se fosse
possível, eu voltaria a reviver um daqueles dias de completa felicidade,
pedalando bicicletas até as docas do porto da minha infância.
Os ventos incessantes de Rio grande, seus barcos e seus
rangidos, atracados lado a lado, os quais tínhamos que atravessar um a um,
cumprimentar respeitosamente e sem muito alarde, o marujo que por ventura
estivesse a bordo, até chegar ao que estivesse mais prá fora, onde, também, o calado
era maior, e onde atiraríamos nossas linhas, na intenção de voltar com comida
grátis para casa.
Na falta de espaço longitudinal, os capitães das
traineiras, botes, e até rebocadores, em geral encostavam seus barcos lado a
lado, organizados pela ordem de chegada, aos que já estavam atracados no cais.
Coisas de navegantes, intrépidos lutadores dos ofícios do mar salgado.
Todas essas etapas, até a pesca efetiva, eram
responsabilidades aventurescas, como por exemplo, não mexer em nada e deixar
limpo o local de pesca, no barco hospedeiro, que compraziam com toda a satisfação
meu coração irrequieto.
Um detalhe que muito me chamava atenção, era que me
avô comunicava-se, normalmente, apenas com monossílabos e gestos, com seus
companheiros de linhas e anzóis, que transitavam por ali, na busca do melhor
lugar para lançar suas iscas. Isso eu percebia ser uma forma usual de
entendimento entre seus pares. A sintetização era uma característica que aqueles
rudes homens do mar usavam para conversar.
Seus olhares, uma leve contração da testa e alguns discretos
movimentos corporais diziam tudo. As palavras apenas complementavam os diálogos
daquela tribo.
Muitas vezes eu tinha que perguntar o que ele e seu
amigo Ventura, o de longas barbas, do chapéu cinquentenário e amassado na
cabeça, um velho lobo do mar, haviam dito e vice versa, pois a impressão que eu
tinha é que eles apenas grunhiam sons, numa economia total de palavras. E a
gente ia entendendo e aprendendo e era assim.
Certamente o falar pouco e baixo servisse de
subterfúgio para não espantar os peixes e aquilo foi se internalizando entre os
indivíduos da comunidade, ou talvez, fosse assim entre os antigos e o hábito se
perpetuasse, não sei dizer. Uma coisa eu posso afirmar: a cidade toda era
silenciosa.
Salvo algum apito de fábrica, cantar de galos
nos quintais, alguns latidos de cães ao longe, e a estática do rádio no criado
mudo, ao lado da cabeceira da cama, que insistia em não sintonizar, não se
ouvia mais nada. Fora isso, sempre o vento, às vezes acariciando, às vezes batendo,
agastado, nas árvores. Alguma parte de mim parou lá. Acho que com todo mundo
deve ser assim, das coisas congelarem nos pontos melhores e piores de nossas
vidas. Talvez.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Sóis
O que importa é não perder a pedalada, pra não machucar o tornozelo, ele dizia.
Minha pequena bicicleta era das menores, como eu aos sete anos, que seguia garboso um gigante de dois metros de altura, e que pedalava à frente sua Monark Sueca aro 28, preta, admirável pelo tamanho, para mim que via o mundo de baixo. Aquele era um Hércules em seu trabalho de abrir caminho até a beira do cais. Pena que não era meu pai, vejo agora, mas meu avô funcionava mais ou menos como se o fosse.
Eu olhava alternadamente para suas costas, seu chapéu e para o movimento das sombras das rodas no chão ganhando a areia do acostamento que se ajuntava entre os paralelepípedos e as calçadas de antigamente. Aquele era um dos momentos mais prazerosos e marcantes do meu dia-a-dia.
A pesca era feita com linhas de fundo, cheias de anzóis grandes para Miraguaias e Burriquetes, que apesar de serem raros ali, as vezes iam dar na beira do cais, próximo as docas do porto velho de Rio Grande, mas nos dávamos bem nos papas-terra, corvinas e tainhas, entre outros peixes que se ofereciam por ali.
Eu amava meu avô como um pai adotivo, como herói e rei.
Ouvia diariamente, assoberbado, suas histórias de viagens pela Inglaterra, Maceió e Recife, assim como, sua desfaçatez pelo porto de Salvador, Bahia, apesar das morenas namoradeiras, porque mantinham o porto extremamente desorganizado e havia alguma dificuldades em se atracar seus barcos, aqueles que ele tanto navegava nos oceanos Atlântico e Pacífico e eventualmente os mares da Azia.
Tudo mentira! Vim, a saber, alguns poucos anos depois pela boca da minha avó que, cansada de ouvir-me repetindo orgulhoso, para quem quer que chegasse à casa, as aventuras fantásticas, porém, fantasiosas de meu avô. Um belo dia, ela encaminhou-me à realidade, contando que ele jamais conhecera outro lugar que não fosse Rio Grande e suas águas circunvizinhas.
Báh! Fiquei chocado e dissonante. Foi uma grande decepção saber que todos aqueles anos de histórias contadas em uma prolixidade inenarrável, não passavam de histórias de ninar. Ele, porém, sustentava que minha avó não gostava de saber que ele era o maior, e que já andara por todo mundo, porém, suas feições já não mais expressavam mais a verdade para mim. Logo assimilei aquilo com alegria, ao recordar que ele deixava pistas ao relatar suas aventuras rindo mais do que seu costume, sem responder o porquê daquelas alegrias repentinas. Mas, acontecesse o que acontecesse, ele era meu super herói e eu já estava com uns nove anos de idade, pronto para entender que tinha muito o que aprender na vida.
(Sóis - Parte I)
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
domingo, 22 de janeiro de 2012
Sinais de contato
Você é bem coração e alma! Com sua sensibilidade à flor da pele e sua maneira tão intensa assim de amor. Somos civilizações irmãs, como dois planetas muito semelhantes, porém, existindo separadamente em galáxias idênticas. Quem será você?
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Preço em nada
A solidão é cara,
paguei o preço,
perdi pro silêncio.
Errante sem caminho,
transbordo de tão sozinho
pelas vielas do apartamento.
Alguns vivem, outros não,
alguns riem leves no bar e
quando can't get no satisfaction
ouvem Rolling Stones, fumam uns.
Dançam na festa dos invisíveis.
As paredes, o tempo, as desinformações da tv
desensinam-as, garotas
apagam-vos, garotos
Atenção: olhos, ouvidos, cautela...
Eles estão aí.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Refrão
Um bom livro é como uma música que você ouve uma vez e fica tentando lembrar o refrão, que ficou registrado como uma sinopse, e que alegra sempre.
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