sábado, 30 de maio de 2009

Fé na Estrada - Saravá!


...haveria de passar muito tempo para que finalmente eu interpretasse aquele fato iniciático que ocorrera comigo no meu quase transe ritmístico em meu quarto. O que concluo hoje é que exploramos apenas poucas possibilidades de nossa capacidade mental e uma delas se dá em relação aos ritmos. O ritmo move as pessoas, eles nos enlevam a ponto de entrarmos num outro padrão de comportamento e entendimento das coisas, assim tipo uma outra esfera do conhecimento. Alguns ritmos com compassos mais expressivos levam a pessoa a mover-se, acompanhá-los com o pé, mão, corpo e isso às vezes, até um tanto instintivamente, sem a anuência de nosso raciocínio. Talvez alguns ritmos induzam o cérebro a voltar a recônditos e reminiscências de nosso ser, nessa ou noutra vida, no presente ou no passado, próximo ou remoto e por isso, nesses momentos, parecermos estar no papel de coadjuvantes da nossa própria realidade. Algo assim aconteceu naquela faísca de tempo em meu quarto, enquanto eu tamborilava aquele ritmo insistente e cantava naquele dialeto desconhecido e antigo...(Extraído do conto "Saravá" do livro Fé na Estrada)